Eu tinha planejado escrever o primeiro post com uma explicação do porque de eu ter escolhido a carta da Rainha de Espadas para nomear o blog. Mas estou na etapa final da produção do meu TCC, e não consigo pensar em mais nada. É sobre ele que eu vou escrever então.
O trabalho de conclusão de curso de jornalismo é uma das poucas coisas bacanas que tive que fazer durante toda minha vida universitária. Isso porque temos liberdade para escolher qual o tema do projeto e qual a mídia. (tv, rádio, foto, jornal, etc).
Meu grupo decidiu fazer um livro de fotojornalismo com fotografias das mulheres cortadoras de cana aqui da região de Araraquara. Esse fim de semana fomos concluir a produção das fotos e fazer algumas entrevistas. Entramos na casa de uma família e fotografamos toda a rotina da cortadora; o preparo do café da manhã e da marmita, ela se vestindo, o marido acordando um pouco mais tarde. (ele só acorda, se veste e toma café. A marmita e a bolsa dele já estão prontinhas, graças à esposa).
Entrevistamos uma senhora de 74 anos que cortava cana. Durante a entrevista, ela não sentou um minuto. Andava para lá e para cá, trazia bolachinhas e refrigerante pra gente, e ria. Exemplo de mulher, ela. Nunca pisou em uma faculdade, nunca defendeu uma tese, mas conversar com ela era mais inspirador do que conversar com a maioria dos meus professores. Uma mulher sábia, que dá valor à vida, não se queixa.
Eu tenho lido sobre a carta da Rainha de Espadas porque me sinto atraída por ela. Li que ela fala de solidão, uma certa frieza, uma face intelectual e estrategista. Essas coisas não são tão evidentes nas cortadoras de cana. Elas são mulheres vaidosas, cheias de amigos. No entanto, olhando as fotos agora mais atentamente, percebi que a cortadora de cana pode sim, e muito bem, representar a Rainha de Espadas. Ela é uma mulher guerreira, independente. Luta pela sua sobrevivência.
O trabalho de conclusão de curso de jornalismo é uma das poucas coisas bacanas que tive que fazer durante toda minha vida universitária. Isso porque temos liberdade para escolher qual o tema do projeto e qual a mídia. (tv, rádio, foto, jornal, etc).
Meu grupo decidiu fazer um livro de fotojornalismo com fotografias das mulheres cortadoras de cana aqui da região de Araraquara. Esse fim de semana fomos concluir a produção das fotos e fazer algumas entrevistas. Entramos na casa de uma família e fotografamos toda a rotina da cortadora; o preparo do café da manhã e da marmita, ela se vestindo, o marido acordando um pouco mais tarde. (ele só acorda, se veste e toma café. A marmita e a bolsa dele já estão prontinhas, graças à esposa).
Entrevistamos uma senhora de 74 anos que cortava cana. Durante a entrevista, ela não sentou um minuto. Andava para lá e para cá, trazia bolachinhas e refrigerante pra gente, e ria. Exemplo de mulher, ela. Nunca pisou em uma faculdade, nunca defendeu uma tese, mas conversar com ela era mais inspirador do que conversar com a maioria dos meus professores. Uma mulher sábia, que dá valor à vida, não se queixa.
Eu tenho lido sobre a carta da Rainha de Espadas porque me sinto atraída por ela. Li que ela fala de solidão, uma certa frieza, uma face intelectual e estrategista. Essas coisas não são tão evidentes nas cortadoras de cana. Elas são mulheres vaidosas, cheias de amigos. No entanto, olhando as fotos agora mais atentamente, percebi que a cortadora de cana pode sim, e muito bem, representar a Rainha de Espadas. Ela é uma mulher guerreira, independente. Luta pela sua sobrevivência.
No Tarô Mitológico de Liz Greene e Juliet Burke, a Rainha de Espadas é representada pela rainha mitológica Atalante, a caçadora. Seu nome significa "Indomável" e ela é filha de um rei, Íaso, que não queria filhas. Ele abandonou-a e a deusa caçadora Ártemis a protegeu. Assim como a deusa, Atalante andava pelos bosques armada. (o que lembra as cortadoras de cana, que andam pela plantação com o facão) A Rainha de Espadas é virtuosa e leal, capaz de suportar sofrimentos sem se abater.
Comparando a carta e a vida dessas mulheres, podemos encontrar as semelhanças. Elas não cursaram nenhuma faculdade, mas são donas de uma sabedoria que conquistaram ao longo da vida, trabalhando duro. E talvez a solidão e frieza delas seja interna, resultado das injustiças que sofreram na vida. Por fora são alegres (em todas as entrevistas que fizemos, elas se mostram alegres, felizes), mas o que elas sentem e pensam quando estão sozinhas, durante o corte da cana, longe dos filhos e do marido?
Além disso, como a Rainha de Espadas, que mostra características geralmente associadas aos homens, as cortadoras estão inseridas num mundo tipicamente masculino; exercem um trabalho braçal, duro, que exige força física, resistência. Esse trabalho é o oposto do que a sociedade associa às mulheres, como a delicadeza, a fragilidade, o depender de homens para esforço físico. No entanto, ouvimos relatos de que muitas mulheres cortam mais cana que os homens! Posso dizer que para mim, elas são todas rainhas.
Além disso, como a Rainha de Espadas, que mostra características geralmente associadas aos homens, as cortadoras estão inseridas num mundo tipicamente masculino; exercem um trabalho braçal, duro, que exige força física, resistência. Esse trabalho é o oposto do que a sociedade associa às mulheres, como a delicadeza, a fragilidade, o depender de homens para esforço físico. No entanto, ouvimos relatos de que muitas mulheres cortam mais cana que os homens! Posso dizer que para mim, elas são todas rainhas.
Foto: Cristian Paiutta.
Ele está participando do concurso "África em Nós" com algumas fotos desse projeto. Acesse http://www.africaemnos.com.br/ , digite Cristian Paiutta, e vote!
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